domingo, 8 de junho de 2008

ARANHA MARROM!!!


ARANHA MARROM







· Informações gerais:



As aranhas do gênero Loxosceles (família Sicariidae) foram registradas pela primeira vez no Brasil no final do século XIX, sendo consideradas inofensivas para o homem até quase 1.940. Hoje, sabe-se que os casos de araneísmo necrosante (formas cutânea e cutâneo-visceral) são causadas por estas aranhas, sendo os acidentes provocados por Lycosa (tarântulas) de pouca importância médica.

As aranhas-marrom são de pequeno porte, atingindo cerca de 3 centímetros de comprimento total. Os machos possuem comprimento menor, e pernas relativamente mais longas. Possuem seis olhos, dispostos em três pares, e quelíceras soldadas na base. Apresentam um colorido uniforme, variando do marrom claro ao marrom escuro, podendo apresentar no cefalotórax um desenho amarelo em forma de estrela (L. gaucho).





Aranha marrom. (Fonte: folheto “Acidentes com Animais Peçonhentos” – Instituto Butantan).





Habitam climas quentes e temperados, possuindo hábitos noturnos. Vivem em teias irregulares (lembrando fios de algodão) construídas em lugares escuros. São encontradas naturalmente em fendas de barrancos, junto a raízes expostas de árvores, sob pedras, cascas de árvores, folhas de palmeiras, bambus e cavernas. Podem habitar também as imediações e interior das residências humanas, abrigando-se atrás de móveis, em pilhas de tijolos e de madeira, em garagens e sótãos. Muitas vezes podem ser levadas para dentro de casa em madeiras ou plantas, por exemplo.





Aranha marrom em sua teia. (Fonte: site Bioterium – http://www.bioterium.com.br).





Estas aranhas não possuem comportamento agressivo. A maioria dos acidentes ocorre dentro de casa, quando a aranha é comprimida contra o corpo da vítima, dentro de roupas, em toalhas ou nas camas.





Esquema da aranha marrom Loxosceles gaucho. (Reproduzido do livro: Soerensen, B. – Acidentes com Animais Peçonhentos, Editora Atheneu, São Paulo, 1997).







· Veneno e mecanismos de ação:



AÇÃO PROTEOLÍTICA

No veneno loxoscélico são encontrados peptídeos que causam necrose cutânea, tanto no homem como em animais de experimentação. Observa-se, no homem, lesões necrótico-isquêmicas, supostamente causadas pelos seguintes fatores: atividade citotóxica direta – com conseqüente infiltração de leucócitos nas paredes dos vasos, edema perivascular e hemorragia.



AÇÃO HEMOLÍTICA

Raramente, podem ocorrer casos de anemia hemolítica (destruição de hemácias).



AÇÃO COAGULANTE

Pode-se verificar a ocorrência de coagulação intravascular disseminada.







· Clínica:



A forma cutânea geralmente predomina na maioria dos casos. Entre 12 horas e 36 horas após a picada aparecem edema e eritema locais. Posteriormente, surgem áreas hemorrágicas no ponto da picada, mescladas com áreas de isquemia. A dor da lesão se intensifica, semelhante a uma sensação de queimadura, podendo aparecer fenômenos gerais como febre e exantema – muitas vezes escarlatiniforme. Neste período é que o diagnóstico clínico geralmente é feito.







Loxoscelismo cutâneo – evolução da lesão na primeira semana (A) e na quarta semana (B) após a picada. (Fonte: livro “Plantas Venenosas e Animais Peçonhentos” – Samuel Schvantsman, 2ª Edição, Sarvier Editora de Livros Médicos Ltda., São Paulo, 1.992).





A forma cutâneo-visceral (mais grave, porém mais rara) apresenta, além do comprometimento cutâneo, manifestações clínicas devido à hemólise intravascular (anemia aguda, icterícia e hemoglobinúria), geralmente se instalando nas primeiras 24 horas após o envenenamento. Pode-se verificar também a ocorrência de equimoses.

Pacientes com lesões cutâneas discretas podem evoluir com uma hemólise maciça e posteriormente para insuficiência renal aguda, que é a maior causa de óbitos neste grupo.







· Tratamento:



A soroterapia, realizada com soro específico, tem sido recomendada como rotina em nosso meio. Tanto na forma cutânea quanto na forma cutâneo-visceral deve-se administrar o soro antiloxoscélico ou o soro antiaracnídeo polivalente, na dose de 5 a 10 ampolas, por via intravenosa.

O emprego do soro específico deve ser feito até 36 horas após o acidente. O tratamento de suporte é importante, visando especialmente a função renal e os parâmetros hematológicos.

E eu a saber que tenho uma destas prestes a pôr ovos!!!

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