Grammostola pulchripes
Tarântulas em cativeiro. Um assunto muito falado e ao mesmo tempo pouco falado também. Porquê? Passo a explicar:
Como já referi várias vezes, as Tarântulas são seres vivos que já existem no planeta Terra há 350 milhões de anos, o que significa que estão perfeitamente adaptadas para vida nos seu meio, tal afirmação é inegável. São animais independentes e geralmente recusam qualquer contacto, inclusive com membros da mesma espécie.
O ser humano, Homo Sapiens, existe há 10.000 anos e, desde então, tem sentido a necessidade de domesticar e "colectar" outros animais, os cães são um exemplo disso, teve ínicio na domesticação intensiva de Canídeos como o Lobo, hoje em dia temos cães de todas as formas e feitios, foi uma forma que a espécie teve de se adaptar, de sobreviver, aliás, até há 10.000 anos atrás era tudo o que essa espécie fazia, sobreviver, enquanto hoje em dia têm todo o conforto que não necessitam para sobreviver, mas sim para viver, tudo com origem numa questão de sobrevivência.
Mas os cães, tal como os outros mamíferos são seres inteligentes, muitos inclusive capazes de expressar sentimentos e emoções, algo perfeitamente inconcebível para qualquer artrópode, mas a sobrevivência não é nem nunca foi uma questão de inteligência, mas sim uma questão de adaptação, a espécie que se adapta melhor, sobrevive.
Os aracnídeos, como as Tarântulas no geral são animais com com uma capacidade de adaptação ao meio em que se encontram fora do comum, com a necessidade apenas de se alimentar, acasalar e se defender, como a maioria dos seres neste Planeta. São animais que vivem por instinto, capazes de viver numa toca com 30/50 cm de profundidade toda a sua vida (20-30 anos) se esta assim o permitir.
Retirar animais do seu habitat não é de todo algo correto, mas muitas vezes a sobrevivência da espécie depende disso. Tal como o ser humano destrói o habitat de muitas espécies, pondo-as em vias de extinção, tenta de certa forma redimir-se com as várias tentativas de que a espécie sobreviva e deixe descendentes para continuar o seu legado.
Infelizmente, a curiosidade do ser humano já levou a continua a levar muitas espécies á extinção, no caso das Tarântulas é um pouco diferente. O mais correto da nossa parte seria, por exemplo, fazer duas Tarântulas acasalarem, libertar o macho para que continue a passar o seu legado, visto que sempre viveu no seu habitat, libertar a fêmea após esta pôr os ovos e, aí sim, são seres nascidos em cativeiro, estão ali por intervenção humana, e, visto que são seres com instintos básicos, não necessitaram mais de meio metro de espaço se tiverem alimento, fonte de hidratação e forem permitidos a deixar descendência.
A desflorestação está a matar milhares de espécies todos os dias, inclusive espécies de Tarântulas e essa é uma forma de as salvar, de lhes dar essa continuidade. Mas a captura intensiva das mesmas também as pode por em vias de extinção, o mercado está cheio de espécies capturadas directamente do seu habitat e vendidas por preços ridiculamente baixos, como se de um animal não se tratasse (não me tomem como hipócrita com esta afirmação, tenho Tarântulas, a maioria de cativeiro mas algumas são apanhadas do seu habitat, estão disponíveis no mercado e não há forma de retornarem ao local onde nasceram, se não fosse eu, alguém as ía ter, e estando comigo eu tenho plena noção de que lhes posso garantir um resto de vida talvez não genuinamente mas sim minimamente saudável e "feliz" a todos os níveis).
Sou plenamente contra a captura de Tarântulas do seu habitat mas a verdade é que sem essas, não haveriam as de cativeiro.
Qual é o uso de de se terem Tarântulas em casa? Bem, pergunto-vos então porque têm cães, por exemplo, a maioria das pessoas quando adquire um cão não está certamente a pensar que esse animal precisará da pessoa para sobreviver, mas sim porque é o mais bonito ou porque vai proteger a casa e perguntem-se se isso não será um pouco egoísta da vossa parte, é um animal, não um instrumento que podem simplesmente usar e mandar fora quando vos apetecer e, respondendo à pergunta, tenho Tarântulas sobretudo para as estudar porque todas elas me fascinam e não as tenho porque são bonitas ou para me protegerem a casa, e antes de adquirir seja qual for tenho plena noção que a este ponto essa Tarântula é u m ser que vai precisar da minha intervenção para sobreviver, isso não é egoísta, é um contributo a nível científico e sobretudo é olhá-las como o ser vivo que são e não tendo as possibilidades de as deixar no local onde nasceram, provavelmente a 100.000 km daqui, cuido delas como sei e garanto-lhes que têm uma vida saudável e longa.
Este post serviu mais como uma questão de política correta mas espero ter ensinado algo a quem o ler, estarei de volta em breve.
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