quinta-feira, 3 de setembro de 2015

TARÂNTULAS EM CATIVEIRO

Grammostola pulchripes



Tarântulas em cativeiro. Um assunto muito falado e ao mesmo tempo pouco falado também. Porquê? Passo a explicar:
Como já referi várias vezes, as Tarântulas são seres vivos que já existem no planeta Terra há 350 milhões de anos, o que significa que estão perfeitamente adaptadas para vida nos seu meio, tal afirmação é inegável. São animais independentes e geralmente recusam qualquer contacto, inclusive com membros da mesma espécie. 
O ser humano, Homo Sapiens, existe há 10.000 anos e, desde então, tem sentido a necessidade de domesticar e "colectar" outros animais, os cães são um exemplo disso, teve ínicio na domesticação intensiva de Canídeos como o Lobo, hoje em dia temos cães de todas as formas e feitios, foi uma forma que a espécie teve de se adaptar, de sobreviver, aliás, até há 10.000 anos atrás era tudo o que essa espécie fazia, sobreviver, enquanto hoje em dia têm todo o conforto que não necessitam para sobreviver, mas sim para viver, tudo com origem numa questão de sobrevivência.
Mas os cães, tal como os outros mamíferos são seres inteligentes, muitos inclusive capazes de expressar sentimentos e emoções, algo perfeitamente inconcebível para qualquer artrópode, mas a sobrevivência não é nem nunca foi uma questão de inteligência, mas sim uma questão de adaptação, a espécie que se adapta melhor, sobrevive.
Os aracnídeos, como as Tarântulas no geral são animais com com uma capacidade de adaptação ao meio em que se encontram fora do comum, com a necessidade apenas de se alimentar, acasalar e se defender, como a maioria dos seres neste Planeta. São animais que vivem por instinto, capazes de viver numa toca com 30/50 cm de profundidade toda a sua vida (20-30 anos) se esta assim o permitir. 
Retirar animais do seu habitat não é de todo algo correto, mas muitas vezes a sobrevivência da espécie depende disso. Tal como o ser humano destrói o habitat de muitas espécies, pondo-as em vias de extinção, tenta de certa forma redimir-se com as várias tentativas de que a espécie sobreviva e deixe descendentes para continuar o seu legado.
Infelizmente, a curiosidade do ser humano já levou a continua a levar muitas espécies á extinção, no caso das Tarântulas é um pouco diferente. O mais correto da nossa parte seria, por exemplo, fazer duas Tarântulas acasalarem, libertar o macho para que continue a passar o seu legado, visto que sempre viveu no seu habitat, libertar a fêmea após esta pôr os ovos e, aí sim, são seres nascidos em cativeiro, estão ali por intervenção humana, e, visto que são seres com instintos básicos, não necessitaram mais de meio metro de espaço se tiverem alimento, fonte de hidratação e forem permitidos a deixar descendência.
A desflorestação está a matar milhares de espécies todos os dias, inclusive espécies de Tarântulas e essa é uma forma de as salvar, de lhes dar essa continuidade. Mas a captura intensiva das mesmas também as pode por em vias de extinção, o mercado está cheio de espécies capturadas directamente do seu habitat e vendidas por preços ridiculamente baixos, como se de um animal não se tratasse (não me tomem como hipócrita com esta afirmação, tenho Tarântulas, a maioria de cativeiro mas algumas são apanhadas do seu habitat, estão disponíveis no mercado e não há forma de retornarem ao local onde nasceram, se não fosse eu, alguém as ía ter, e estando comigo eu tenho plena noção de que lhes posso garantir um resto de vida talvez não genuinamente mas sim minimamente saudável e "feliz" a todos os níveis).
Sou plenamente contra a captura de Tarântulas do seu habitat mas a verdade é que sem essas, não haveriam as de cativeiro.
Qual é o uso de de se terem Tarântulas em casa? Bem, pergunto-vos então porque têm cães, por exemplo, a maioria das pessoas quando adquire um cão não está certamente a pensar que esse animal precisará da pessoa para sobreviver, mas sim porque é o mais bonito ou porque vai proteger a casa e perguntem-se se isso não será um pouco egoísta da vossa parte, é um animal, não um instrumento que podem simplesmente usar e mandar fora quando vos apetecer e, respondendo à pergunta, tenho Tarântulas sobretudo para as estudar porque todas elas me fascinam e não as tenho porque são bonitas ou para me protegerem a casa, e antes de adquirir seja qual for tenho plena noção que a este ponto essa Tarântula é u m ser que vai precisar da minha intervenção para sobreviver, isso não é egoísta, é um contributo a nível científico e sobretudo é olhá-las como o ser vivo que são e não tendo as possibilidades de as deixar no local onde nasceram, provavelmente a 100.000 km daqui, cuido delas como sei e garanto-lhes que têm uma vida saudável e longa.

Este post serviu mais como uma questão de política correta mas espero ter ensinado algo a quem o ler, estarei de volta em breve.

domingo, 2 de agosto de 2015

7ª BATARIA | FILME | TARÂNTULAS GIGANTES



Bom dia!

Aqui deixo o último projecto no qual tive o prazer de participar como actor principal, corretor científico, fornecedor das Tarântulas e de toda uma variedade de adereços.

Espero que gostem!

sábado, 1 de agosto de 2015

TARÂNTULAS - FACTOS E TABUS

Acanthoscurria geniculata

Ephebus murinus

Grammostola pulchra

Lasiodora parahybana

Theraphosa stirmi

Xenesthis immanis

Brachypelma smithi

Hysterocrates sp.

Grammostola porteri (baby)

Pelinobius muticus

Grammostola porteri (Kika)



Bom dia! 
Há já bastante tempo que não vinha aqui ao Blog, mas hoje pretendo mudar isso, tal como pretendo também falar-vos um pouco sobre as Tarântulas e o Hobby de criá-las como animais de estimação no geral e, se possível, mudar-vos um pouco a maneira de ver estes maravilhosos seres temidos pela maioria da sociedade.
Para começar, nas imagens acima podemos observar diversas espécies de Tarântulas, algumas delas meus animais de estimação. Generalizemos:



As Tarântulas são aracnídeos que já levam 350 milhões de anos de existência neste planeta, como tal estão bastante mais preparadas para a vida na Terra que nós, seres humanos, e milhares de outros animais.


Começaram por ser animais enormes, no período Carbonífero da história da terra, embora não haja propriamente evidência concreta que suporte este facto, sabes-se que muito outros artrópodes atingiam proporções inclusive maiores que um ser humano, daí suspeitar-se fortemente que estes seres no passado poderiam ter atingido tamanhos bastantes superiores, não só pela abundância de alimento como pelo facto dos níveis de Oxigénio serem bastante superiores aos actuais.
No inicio todas viviam no solo, onde construíam as suas tocas e esperavam pacientemente por presas, como ainda fazem hoje em dia, mas à medida que o tempo foi passando, algumas dessas presas tornaram-se aéreas, e as ditas Tarântulas tiveram necessidade de subir para as árvores e encolher para poderem elaborar autênticas obras primas de seda, que acabariam por capturar os insectos de uma forma bastante eficaz, sem a necessidade do animal em si entrar em confronto com o próprio alimento.
Hoje em dia, as Tarântulas continuam a ser animais fascinares, quer pela cor, comportamento, tamanho...
No século passado algumas pessoas começaram a vê-las como óptimos animais de estimação, não fazem barulho, não sujam e vivem durante bastante tempo.
Pelo facto dos requisitos para se ter um animal destes serem tão básicos, muitas como as Brachypelma smithi (famosas pelos vários filmes em que entraram, ex.: Indiana Jones and The Raiders of the Lost Ark) foram exportadas até serem quase aniquiladas do seu ambiente natural e, hoje em dia, acredita-se que existam bastantes mais dentro do Hobby do que no México, de onde é originária. De certa forma esta espécie não correu o risco de extinção, apenas de ser aniquilada do seu habitat natural, e esta é a verdade com mais espécies hoje em dia, ex.: Poecilotheria metallica (bastante famosa pelas suas cores azul e amarelo fortes).
Chegámos a ponto no Hobby em que a exportação já não faz sentido, nunca fez pelo menos em grandes números, mas estamos num ponto e que facilmente podemos arranjar Tarântulas a criadores ou, quem tem a experiência suficiente, fazer a sua própria criação.
No geral as Tarântulas são animais que se adaptam bastante facilmente ao meio onde estão inseridas, apenas necessitam de um terrário espaçoso, alimento abundante mas não em excesso (alimento em excesso pode fazer com que elas fiquem obesas e se prendam durante a muda de pele podendo daí resultar uma situação fatal) uma fonte de água fresca sempre disponível e um decor onde possam mexer à sua livre vontade e escavar o que quiserem, são seres com comportamentos bastante peculiares e imprevisíveis. 
Falando de uma forma menos generalizada agora, temos dois grupos principais de Tarântulas, as New World (Americanas) e as Old World (resto do mundo).
As New World caracterizam-se por terem pêlos urticantes, serem as maiores do mundo, serem mais calmas, terem veneno fraco e, no geral, serem as mais compradas pelos amantes de Tarântulas.
As Old World caracterizam-se mais pelas colorações fortes, veneno também forte, pela rapidez e pela agressividade.
As Grammostola sp. (New Wrold) são das mais famosas por geralmente serem calmas e atingirem tamanhos grandes (até 22cm), e nas fotos acima podemos observar duas Grammostola porteri, mãe e filha, a filha actualmente com 1 ano de idade, pouco maior do que está nessa foto (e como ela mais 150 irmãs) e a mãe com 5 anos de idade, adulta, esteve um ano dentro do terrário após a separação que teve dos filhos. Ficou bastante agressiva mas, agora um ano mais tarde voltou a ficar calma, de fácil de manusear, se bem que eu não tenho por norma recomendar o manuseamento de nenhuma Tarântula, tanto ela pode cair e ser fatal ou pode tornar-se agressiva de um momento para o outro e uma picada de uma Tarântula Old World pode trazer alguma complicações, mas não é fatal.



Se me questionarem se quero mudar a imagem das Tarântulas para as pessoas no geral eu diria que sim, mas não posso negar que são animais imprevisíveis e até um cão ou um gato são perigosos quando ficam agressivos, daí o meu aviso, o que não invalida de todas as Tarântulas serem seres maravilhosos e interessantes, apenas não apreciam contacto humano, nenhum contacto sequer, daí eu não encorajar o manuseamento. Mas caso se manuseie convém ter a supervisão de alguém que perceba minimamente do assunto e que conheça bem a Tarântula em questão.


E não se esqueçam que antes de adquirir seja que espécie for deve ser feita bastante pesquisa sobre o animal pois apesar de haverem grandes possibilidades do animal ser de cativeiro, ainda tem e sempre terá os seus instintos naturais, nem 300 milhões de anos de evolução podem suprimir isso de um animal.



Com este post espero ter quebrado alguns tabus em relação a um dos seres mais magníficos do planeta, fiquem atentos, irei ficar bastante mais activo aqui no Blog a partir de agora!